São os idosos normo nutridos?
O estado nutricional do idoso deveria ser uma questão primordial quando avaliamos nossos pacientes em consultório. O processo normal de envelhecimento cursa com uma série de alterações fisiológicas e normais que, na maioria das vezes, o profissional médico atento somente a doenças não se dá conta.
Inúmeras situações são peculiares ao envelhecimento, ocorrendo em maior ou menor grau, de acordo com a idade e a população analisada.
São consideradas alterações peculiares ao envelhecimento:
1) Alteração das papilas gustativas e das glândulas salivares.
2) Gastrite atrófica e hipocloridria da idade.
3) Diminuição das enzimas responsáveis pela quebra de dissacarídeos.
4) Perda de dentes.
5) Diminuição da metabolização de vitamina D devido ao espessamento da pele provocado pela queratinização fisiológica da idade.
6) Diminuição do estímulo da sede e com isso baixa ingesta de água.
7) Diminuição da absorção de ferro podendo levar à anemia ferropriva.
8) Déficit visual e, como consequência, diminuição do prazer de comer.
Associado a estas alterações próprias do envelhecimento, inúmeros outros fatores de ordem sócio econômica e de logística na obtenção e preparação dos alimentos também podem influenciar no estado nutricional do idoso.
Dentre eles, podemos destacar:
1) Baixo poder aquisitivo.
2) Isolamento e falta de vontade de preparar as suas refeições.
3) Dificuldade na obtenção de fontes de proteínas de alto valor biológico e que forneçam BCAA (aminoácidos de cadeias ramificadas).
4) Dificuldade na obtenção de fontes de vitaminas e minerais (legumes e verduras).
5) Diminuição da capacidade funcional.
6) Perda da socialização e Depressão.
7) Fumo e álcool.
Devemos ainda considerar que a presença de determinadas doenças como Diabetis, Hipotireoidismo e o uso de determinadas medicações são, muitas vezes, fatores de agravamento do estado nutricional do idoso.
Todos estes fatos citados acima podem levar a um estado nutricional deficiente, levando a uma série de alterações importantes, acarretando:
1) Menor atividade física com hipotrofia muscular secundária, déficit de equilíbrio e aumento na probabilidade de quedas e fraturas.
2) Imunossupressão.
3) Menor capacidade de cicatrização de feridas (deficiência de Proteinas, vitamina C e Zinco).
4) Osteoporose, etc.
É comum em uma investigação nutricional o paciente referir que come muito bem; porém, quando questionado indiretamente sobre a qualidade dos alimentos, muitas vezes o médico se depara com uma ingesta bastante deficiente.
Devemos sempre ter em mente que o ideal é que qualquer indivíduo tenha como base da sua alimentação a pirâmide alimentar, que aborda os 3 tipos de alimentos, (energéticos / construtores e de reserva), fato este bastante incomum no caso dos idosos.
Perguntas simples como:
Qual o seu café da manhã?
O que o senhor (a) come no almoço?
O senhor (a) janta ou toma somente um lanche?
Quantos litros de água o senhor (a) bebe por dia?
Sua urina sai de que cor?
Permitem ao médico experiente ter uma noção da ingesta alimentar de seus pacientes idosos, bem como o seu estado de hidratação. Na grande maioria das vezes a alimentação do idoso é rica em Carbohidratos e Gorduras e pobre em Proteínas
Sempre que possível, a complementação da investigação com exames laboratoriais específicos pode melhorar esta avaliação, orientando a melhor forma de suprir estas necessidades.
Quando a ingesta proteica apresenta-se deficiente, suplementos proteicos e vitaminados podem ser de utilidade nesta abordagem.
Converse com seu médico especialista ou faça uma avaliação nutricional com uma Nutricionista competente.